3 Hectares

Caríssimos,

3 hectares. É quanto baste para sobressair no meio dos grandes.

Procurem um pequeno produtor, ignorem a dimensão das vinhas. O fascínio está no controlo total que este tem sobre o seu trabalho, até ao mais pequeno detalhe, percebam a sua forma de pensar vinhos, ouçam como ele nos explica quais são os seus objectivos, as suas preocupações, limpas, focadas, sem imposições patronais para resultados finais fixos sempre iguais de ano para ano.

Vimos um produtor do Dão com apenas 3 hectares de vinha, com um portefólio de “apenas” um vinho tinto por cada colheita. Ao provar aqueles vinhos sentimos enorme satisfação por existir quem ainda nos faça chegar projectos como este, mas sentimos também alguma vergonha por perceber que, cada vez mais, projectos como este poderão estar no país errado. Esperemos que não.

Não se pode trabalhar desta forma e ser desconhecido. Não se pode praticar aqueles preços e ser desconhecido. Não se pode fazer vinho com aquela mentalidade e ser desconhecido. Devemos reconhecimento a quem se comporta desta forma para connosco, porque é para nós que aqueles vinhos são feitos.

Claro que 3 hectares não dão resposta a um país inteiro que, por algum acaso, quisesse subitamente conhecer aqueles vinhos. Em todo o caso, houvessem mais 3 hectares como este e o patamar qualitativo dos vinhos portugueses seria outro. Estamos cada vez mais seguros de que é nos pequenos que está o detalhe, a identidade, é nos pequenos que vemos aquilo que é único e especial, aquilo que só existe ali, naqueles 3 hectares.

Se tivermos consumidores inteligentes, 3 hectares como este serão uma fatia significativa daquilo que de melhor é possível fazer nos vinhos portugueses. Devíamos estar agradecidos a quem ainda faz isto. Se o consumidor preferir continuar a ser iludido, então as grandes superficies vencem, com os seus Premium e os seus Signature, com 70% de desconto todo o ano.


Saúde,
Dr. Ribeiro

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Prova

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