Vinhos Garcia de Castro

Caríssimos,

Gama de vinhos Garcia de Castro, provados e lidos:

  1. Garcia de Castro, Grande Reserva Tinto 2013 –> ver análise aqui
  2. Garcia de Castro, Vinha Garcia, Tinto 2013 –> ver análise aqui

Numa altura em que os termos vinho diferenciador, vinho de autor, vinho de assinatura, vinho de nicho, vinho fora da caixa, etc, são usados ao mesmo tempo, para as mesmas coisas e com uma frequência cada vez maior, este post insere-se completamente nesse conceito. Mas, o conceito não sai beneficiado por alguns destes termos.

Vinhos fora da caixa são o quê? Vinhos esquisitos? Vinhos bons? Vinhos incompreendidos? Este termo, fora da caixa, significa pouco.

Vinhos de nicho são o quê? São vinhos bons só por serem de nicho? E se forem de nicho mas pouco bons? É mais um termo que significa pouco.

Se tivesse de descrever os vinhos Garcia de Castro provavelmente chamar-lhes-ia vinhos de autor, de assinatura, ou vinhos de terroir. São os termos mais claros porque querem dizer alguma coisa.

São vinhos anti-massificação, são vinhos anti-padronização, cuja única intenção é manifestar o terroir, tentando ao mesmo tempo colocar neles um carimbo que represente uma visão, isto é, uma afinação de autor apenas.

Tome-se por exemplo o Vinha Garcia Tinto 2013, apenas feito em anos que possibilitem a existência deste vinho, anos que proporcionem os níveis qualitativos exigidos para este tinto.

É fácil perceber que os Garcia de Castro são vinhos que indubitavelmente assumem uma manifestação de terroir, de visão, intenção e competência no trabalho.


Sobre os vinhos Garcia de Castro…

“No Douro, sub-região do Cima Corgo entre vales fundos e escarpados sente-se um ambiente agreste, surgem arbustos e flora típica de zonas mais secas como a esteva, a giesta o alecrim e o rosmaninho. Nesta paisagem, nasce o Garcia de Casto, nas vinhas velhas de Ribalonga (1,8ha) e Linhares (0,8ha), respectivamente com 50 e 80 anos. As vinhas como tradicionais que são, requerem ainda hoje muito esforço e a mão do homem está sempre presente”.

“As vinhas são geridas de acordo com um sistema de intervenção mínima de forma a restringir, tanto quanto possível, o tipo e a quantidade de tratamentos aplicados às videiras para controle de pragas e doenças. Devido à utilização muito escassa de herbicidas, o controle das infestantes é feito através do uso de roçadora. Do ponto de vista da planta, a viticultura é muito interventiva, compatibilizando as condições naturais com as características das plantas e um sentido muito rigoroso do carácter de cada lugar. Não há anos iguais. As intervenções são planeadas e executadas rapidamente, de modo a gerir com a máxima precisão a maturação óptima das uvas. A poda tem como preocupação principal assegurar a perenidade das plantas, respeitando a sua idade, sem preocupações com o volume de produção. A renovação das videiras é feita com retanchas, honrando o equilíbrio das castas existentes. Planta-se o bacelo e a enxertia é feita dois anos mais tarde, com varas recolhidas na mesma vinha”.

“O Vale de Ribalonga alonga-se de Norte para Sul, desde os limites da aldeia do Castanheiro até ao Rio. Secularmente ligadas ao Vinho do Porto, as suas vinhas foram sempre objecto de cobiça, em virtude da reconhecida singularidade dos seus vinhos. Existem registos antigos da propriedade, que se dispõe ao longo da face esquerda do Vale, considerada a mais favorável, em terraços tipicamente pos-filoxéricos, entre os 215 e os 260 metros de altitude. As vinhas foram replantadas na década de sessenta com castas padrão do encepamento da região demarcada, entre as quais a Tinta Roriz (50%), Touriga Franca (25%) e Tinta Amarela (10%) e outras ainda desconhecidas. Às quais se juntou na ultima decada o Sousão. Curiosamente, um documento de 1955 mostra que antes da replantação, 40% das plantas eram Touriga Nacional, facto muito incomum na época e contrastante com a realidade actual. As Vinhas Garcia, Joaninha e Grande de Cima são as que melhor reflectem as características do lugar, embora as restantes, em particular, o Canal de Cima, se tenham aproximado em anos recentes de padrões de qualidade muito próximos, em consequência de uma viticultura dominada pelo detalhe, como se cada planta fosse única”.

“O solo no qual estão plantadas as videiras, é composto de xisto. Rico em nutrientes, este solo tem também a propriedade de retenção da água, por vezes, apenas a suficiente para permitir à videira sobreviver nas condições áridas que prevalecem durante a maior parte do verão. Outra característica muito importante prende-se com o fato de o xisto reter o calor durante o dia, que vai cedendo, durante a noite, à videira. A excelente exposição solar, conjugada com as condições secas da sub-região do Cima Corgo e a capacidade que o solo xistoso tem de absorver e reter o calor, obrigam as raízes das vinhas a mergulhar nos terrenos em busca de água, numa autêntica competição entre elas, o que contribui para a complexidade e intensidade dos vinhos aqui produzidos”.


Saúde,
Dr. Ribeiro

Categorias: Produtores

Prova

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