Um branco que ronda os 6€. Um bom vinho.

Na Tasca dos Coelhos, em Borba, ouvi o seguinte: “Até há 30 anos aqui no Alentejo o que se bebia era vinho branco e não tinto. Os tintos são “recentes”, antigamente não existiam estas grandes plantações de uvas tintas, destinadas a aproveitar uma exigência de mercado e uma dimensão de terra que o pode abastecer”.

Na verdade, para mim, Alentejo e branco são duas palavras de combinação difícil, apenas por características intrínsecas à região e sem nada que ver com metodologia de trabalho.

Mas o Alentejo está a olhar de forma diferente para os brancos e estas duas palavras começam a combinar cada vez mais. Há uma metodologia de trabalho que quer ver coisas diferentes nestes vinhos… E parece ter resultado.

Este Alento 2017 é o espelho das intenções que o desenharam. É um branco polido, leve, sem exageros de fruta.

Aromaticamente convence, é no conjunto aromático que estão as suas maiores armas. O corpo, menos exuberante que a apresentação ao nariz, é de um equilíbrio exímio, sem erros ou “invenções”.

Aroma fresco, intenso, conjunto limpo, toranja, flor de laranjeira, erva húmida. Corpo macio, porte médio, amplo, sem grandes exuberâncias, muito certo, equilíbrio de conjunto sem falhas assente numa ligeira tensão de fundo que lhe dá alguma vida. Acidez em níveis bons, persistência final em níveis médios.

Castas: 50% Arinto, 40% Antão Vaz e 10% Roupeiro

Tipo de Solos: Calcários

Vinificação e estágio: Vindima manual. Maceração pelicular durante 8 horas. Fermentação em cubas de inox a uma temperatura de 12ºC, durante 8 semanas. “Battonage” durante 4 semanas.