Depois do “desespero” saído da prova dos primeiros dois tintos de 2005, este Reserva Pessoal, também ele de 2005, teria de comprovar se todos os três tintos quebraram perante os 15 anos de idade, ou se este tinto assumiria alguma diferença para os outros dois.

… Quinta da Gaivosa 2005, Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2005, e este Reserva Pessoal 2005. Comprados no mesmo sítio, no mesmo dia e segundo me foi dito, sempre bem guardados e guardados juntos.

Apenas este Reserva Pessoal chegou aqui capaz.

Não fez uma prova extraordinária, mas fez uma boa prova, muito boa aliás, mas mais importante que o patamar que mostra agora em 2020, é ter mostrado que o que senti nos outros dois não foi só azar.

Insistir e insistir dá nestas coisas, começamos a perceber que o romantismo das colheitas antigas é só isso mesmo, romantismo. São tantos os dias de desgosto como os de êxtase.

Mesmo as garrafas guardadas na minha garrafeira, nas minhas condições, com todo o cuidado, mesmo essas, mostram colheitas antigas a quebrar quando tudo faria prever o contrário.

É algo que já ando a ver e a pensar há muito tempo. É mais uma aprendizagem e uma das mais importantes.

Aroma a mostrar ligeiros toques oxidativos mas nenhum em zonas más, muito melhor que os outros dois Alves de Sousa de 2005, este aguentou incomensuravelmente melhor os anos e também a longa decantação, conjunto já amadurecido e profundo, terroso, terra húmida, erva seca, compota de fruta preta já muito esbatida, balsâmico e alguma resina de fundo, cedro a mostrar nuances amadeiradas desafiantes. Corpo macio, conjunto cheio q.b., boa amplitude muito por culpa da acidez, centro de boca médio/alto, conjunto muito áspero na periferia e denso, ainda mostra presença e firmeza, quase que se mastiga, tons herbáceos em boca, tabaco, é um vinho com muita atitude em boca, atitude ajudada pela boa acidez e pelos excelentes taninos. Muito gastronómico ainda, gosta de temperatura e gosta de ar, foi sempre a subir com a decantação, sempre a melhorar.

Acidez muito boa, taninos melhores, taninos espectaculares a ajudar a esticar o final da prova, ligeiramente acima do resto mas muito desafiantes.

Castas: ND