Ilustres,

Um vinho que é um tributo ao Dão: Casa da Carvalha, Tinto 2006.

O que vemos neste tinto é um “amontoado” de particularidades regionais que permitem esticar um vinho por muitos anos, caracteristicas únicas que o fazem chegar até nós, 12 anos depois, numa forma invejável. Exibe certos “tiques” como se os anos não tivessem passado por ele.

O Dão por vezes torna-se uma região ambígua, ali os vinhos conseguem atingir um patamar de elegância como muito poucos. Contudo, por vezes, oferece também dureza, uma rusticidade não domada que torna alguns vinhos pouco aceites. É esta caixa de surpresas que torna esta região tão atraente.

O Dão transformou-se, tem-se reiventado a uma velocidade superior a qualquer outra região onde possamos ver particularidades semelhantes, como a Bairrada, Trás-os-Montes e a Beira Interior. Por vezes é-se duro e difícil e por vezes é-se elegante, estas regiões podem fazer este jogo como ninguém. Parece mesmo que a dureza é em determinado ponto a base da elegância máxima.

Cada vez mais ficamos com a ideia de que no Dão determinado patamar de elegência precisa de ter à nascença, bem dentro da sua essência, uma certa dureza, uma rusticidade preparada para suportar o polimento que os anos oferecem, sem desgaste.

Aroma ainda com alguma jovialidade, intenso, com algum peso, tons terrosos, floral bem suave, rosas, compota de amora, fundo com alguma erva seca e toques fumados muito agradáveis. Corpo ainda com acidez incrível, bem integrada e a suportar todo o conjunto, textura macia, estrutura ainda cheia, pontadas de energia muito boas de ver, toques de juventude e irreverência de certa forma inesperados, não cede, não falha, não quebra. Acidez muito boa, bastante viva, taninos com boa presença, persistência final em excelente forma.

Nota: Este vinho em certas circunstâncias pode ser comprado por 5€.