Caríssimos,

Este vinho faz pensar em algo que infelizmente é muito pouco discutido e raramente promovido.

Fará sentido testar a longevidade de vinhos mais acessíveis à carteira? Fará sentido acarinhar numa garrafeira, junto de alguns vinhos mais caros, outros vinhos de gamas de preços mais acessíveis?

Rapidamente, vendo a performance de alguns tintos, especificamente tintos, claro que a resposta é sim, claro que faz sentido. Vinhos que rondam os 7€/8€, lembro-me de um Passadouro, um Quinta dos Carvalhais, um Chocapalha, um Pegos Claros… entre outros. São vinhos com os quais podemos “brincar”, testar uma longevidade que à partida a maioria dos consumidores desvaloriza.

Se soubermos o que escolher e se dermos condições aos vinhos, é certo que existem casos de garrafas a preços mais acessíveis que, dez ou quinze anos após a sua colheita, nos podem surpreender bastante.

Vejo neste tinto um desses casos: Chão da Quinta, Colheita Tinto 2015.

Claro que já existem nele atributos capazes de sustentar uma boa prova. Ainda assim, percebe-se que este vinho está ainda em fase de ligação de detalhes. E isso é bom!

Precisa de garrafa, precisa repousar e utilizar o que tem de bom para depois, lá mais para a frente, sair do descanso com vontade de encantar.

Aroma com alguma robustez, profundo e desafiante, fruta preta madura, fruta passa, compota, especiaria, terroso e floral muito suave. Corpo macio de textura, bastante enérgico de comportamento, estrutura larga e com centro médio, correcto na performance, tem final que se “mastiga”, uma característica assente em nuances espessas de fruta preta madura. Acidez com presença muito boa a esticar a persistência final deste tinto, taninos ainda melhores.

Nota: Para mim, o maior inimigo da longevidade de vinhos pertencentes a estas gamas de preços é a rolha. Infelizmente vinhos mais baratos, têm também rolhas mais baratas. Este facto compromete o futuro de muitos bons vinhos.