Frei João, Colheita Tinto 1978

Já o disse, há um romantismo facebookiano/instagramiano em torno dos vinhos velhos. Garrafas com 20 e 30 anos, são ditas como sendo o melhor vinho feito no planeta terra até à data. Mas uma semana depois desse melhor vinho de sempre, aparece outro ainda melhor, afinal havia outro. E depois desse, ainda há outro, há muitos… E nunca mais acaba.

Uma significativa parte dos vinhos velhos não dura aquilo que as pessoas dizem que dura. Da parte que sobra, que é pequena, há alguns vinhos bebíveis, mas que mostram que o seu auge já passou há muito. Depois, há ainda uma pequeníssima parte que nos diz que mesmo que o seu auge já tenha passado, não tem mal, porque aquele vinho está a fazer muito mais que muitos mais novos, bem mais. E são estes últimos, esta pequeníssima parte, que faz com que tudo o que vai para o ralo, seja relativizado.

Vou confessar-vos uma coisa que parece que é raríssima, eu e os meus amigos temos aberto muitos vinhos velhos com defeitos e lacunas… Mas por vezes parece que as únicas garrafas em mau estado nos têm calhado só a nós. Já dizia o outro: “se calhar é dessa garrafa”.

Jantares e almoços dedicados a vinhos, e a vinhos velhos sobretudo, fazemos muitos, felizmente, só me lixa que é quase sempre o mesmo gajo a levar os vinhos que ganham… Que não sou eu. Bem, cada um leva três ou quatro garrafas, na sua esmagadora maioria compradas, claro, e no final são mais que 10 garrafas, mas menos que 50… E de vez em quando ficamos abismados com os Gonçalves Faria desta vida.

Mas não é preciso fazer muito estardalhaço virtual com “tamanhos acontecimentos”, até porque nem tudo é bom, ou melhor, nem tudo está bom.

Ontem este tinto fez algo que muitos bem mais novos não fazem. 1978… Raro e “impensável”. Tivemos sorte com a garrafa, mas isso também conta, e quando este tipo de sorte aparece, tudo o resto que vai para o ralo, é relativizado.

E não é preciso fazer estardalhaço virtual, três ou quatro amigos, respeitar o limite Covidiano, e ver o que sai. E às vezes sai bem, e às vezes sai mal. Não será isto o normal?

Aroma obviamente evoluído mas com dano do tempo perfeitamente suportável e desvalorizável, café, chá preto, terroso, brett ligeiro, nada demais, tons de carne também desvalorizáveis. Corpo cheio q.b., tomaram muitos, textura macia, sempre homogéneo, tudo linear, sem quebras, sem falhas, boa secura periférica. Acidez ainda muito boa, taninos bons e final longo q.b.


Ficha Técnica 1978: indisponível

Vinhos Caves São João: https://www.cavessaojoao.com/inicio.html


Saúde,
Dr. Ribeiro

Prova

  • 7.8/10
    Aroma - 7.75/10
  • 8.3/10
    Corpo - 8.25/10
  • 8/10
    Acidez, Taninos, Final - 8/10
  • 8/10
    Análise Geral - 8/10
8/10

Suporte para avaliação

10 – Magnífico
9 – Excelente
8 – Muito Bom
7 – Acima da Média
6 – Bom
5 – Razoável
4 – Aceitável
3 – Básico

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