Pegos Claros, Grande Escolha 2016, Castelão, Vinha 100 Anos 

Há alguns dias atrás vi uma destas entrevistas de Instagram, dessa vez feita ao Nuno Mira do Ó. Numa das questões, foi-lhe pedido que apontasse a casta que ele não tinha ainda trabalhado e que gostaria de trabalhar.

A resposta dele foi pronta… Falou no Castelão.

Quando a comparação é feita com outras castas tintas e outras regiões, não há na Península de Setúbal uma oferta muito vasta de grandes escolhas para monovarietais de Castelão. Numa região que tanto produz, as grandes escolhas para trabalhos feitos em Castelão são ainda poucas.

E é quando provamos vinhos como este que percebemos realmente aquela afirmação do Nuno Mira do Ó.

Lembro-me de um António Saramago, Castelão, Escolha 2001, um tinto que atira o Castelão para uma ponta do espectro possível de trabalhos a fazer nesta casta. Este Pegos Claros está perto da ponta oposta. Uma casta apenas e com a possibilidade de várias interpretações, a possibilidade de nos oferecer viagens absolutamente distintas. Pelos vistos o Castelão pode fazer isso como poucas.

Este Grande Escolha 2016 Vinha 100 Anos, vem de um portefólio que faz com o Castelão o que por exemplo vi ser feito na Bairrada, com a Baga, no portefólio Giz. Nos vinhos Pegos Claros temos uma casta a derivar para vários vinhos, isso é espectacular de ver, é a derradeira homenagem à casta. Branco de Castelão, rosé de castelão, tinto e reserva tinto de Castelão e os vinhos superiores, este Grande Escolha e outro super vinho 90% assente no Castelão.

Para não falar da diferença de personalidade do Grande Escolha Castelão nas diferentes colheitas. 2012, 2013, 2015 e agora 2016, vinhos nunca iguais, vinhos que mostram o entendimento da casta assente naquele ano. Por exemplo, a versão de 2015 custa cerca de 18€ em algumas garrafeiras, facto que faz destes Grande Escolha, vinhos de preço absolutamente inacreditável, preços raros de ver em vinhos com este nível de competência.

Só uma recomendação, se os tiverem, aos dois, guardem o 2015 mais algum tempo e levem este 2016 já para a mesa. O 2015 vai para sítios incríveis, só não sabemos é quando. Este 2016 por seu lado está absolutamente pronto, mostra como a elegância pode existir sem limitações e magrezas, “pormenores” que muitas vezes aparecem nos vinhos que se intitulam de elegantes.

Saber que se podem colocar vinhos deste nível na nossa mesa, por cerca de 18€, é ter uma real e efectiva cultura vínica. Era disso que vos falava no texto de sábado.

Cor a aroma a atirarem-nos para um vinho absolutamente aberto e limpo, fruta vermelha em intensidade muito boa, morango em maioria, ligeiros tons florais, violetas, não muito rico no espectro aromático mas absolutamente limpo, puro e intenso. Corpo a seguir uma performance de leveza que as duas apresentações anteriores deixaram a antever, muito leve e muito certo, sereno, sempre ponderado, sem ímpetos descabidos, mantém sempre a sua essência de elegância e explora muito bem essa elegância ao não apresentar limitações, é cheio no volume em boca, tudo cinzelado, zero esquinas, macio de textura. Acidez boa, taninos melhores e a dar boa presença à parte final do conjunto, final médio/longo.


Castas: Castelão

Ficha Técnica: indisponível

Vinhos Herdade de Pegos Claros: https://www.facebook.com/pegosclaros/


Saúde,
Dr. Ribeiro

Prova

  • 8.8/10
    Aroma - 8.75/10
  • 9/10
    Corpo - 9/10
  • 8.8/10
    Acidez, Taninos, Final - 8.75/10
  • 9/10
    Análise Geral - 9/10
8.9/10

Suporte para avaliação

10 – Magnífico
9 – Excelente
8 – Muito Bom
7 – Acima da Média
6 – Bom
5 – Razoável
4 – Aceitável
3 – Básico

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