Esta é uma Baga para brilhar à mesa e fora da mesa poderá ser difícil de a entender e mesmo à mesa, poderá até haver quem não a entenda… O que é pena.

Aquilo que noutras regiões já passa dos 100€, ou mais, a Bairrada consegue dar-nos por 30€, e, temos ainda o “bónus” de serem vinhos incomparáveis na identidade. Claro que estes casos não serão assim tantos quanto isso porque a Bairrada é pequena e alguns ainda a fazem mais pequena do que aquilo que realmente é.

Creio que a principal razão para esta diferença de preços para outras regiões se deve ao facto de a Bairrada não vender fora de portas e ainda vender pouco dentro de portas. Enquanto região a Bairrada não é vendável, apenas alguns dos seus nomes o são, dois ou três nomes que em teoria iriam ajudar a região a aparecer mas facto é que tudo está mais ou menos na mesma, tanto para esses dois ou três nomes que vendem, como para os outros que não vendem assim tanto.

Este sentimento de não ver a região no patamar que merece é depois compensado quando nós consumidores temos acesso a vinhos como o Giz ou o Outrora, ambos na casa dos 30€ aproximadamente.

Este Garrafeira de 2009 é uma muito boa representação da casta, não estará nesta primeira linha de Bagas que tenho visto em performances incomparáveis para Portugal, mas está logo a seguir. Ele próprio perde um pouco para o seu irmão mais velho, o Garrafeira de 2008.

Precisa de ar e de tempo, inicialmente somos levados a pensar que o abrimos cedo demais mas depois desse tempo tudo se liga e tudo acalma, aí, começamos a mudar de opinião e provavelmente este poderá até ser o tempo certo para ele… Se é que isso se pode dizer de um Baga.

O corpo pende para alguma rudeza e essa rudeza faz sentido se olharmos a tudo o que ele tem, por isso vos disse em cima que é preciso entendê-lo à mesa e que mesmo à mesa, pode haver quem não o entenda. O que é pena.

Aroma profundo, fruta vermelha madura, ginja, compota de fruta vermelha, ligeiro herbáceo, fundo a mostrar já tons balsâmicos intensos, pinhal molhado, terra molhada. Corpo com boa harmonia e com personalidade, enérgico e relativamente rude, a dar uma prova exigente, sem facilitar, estrutura completa, bom volume de boca a permitir que todo o conjunto se ligue à bem rugosa periferia. Acidez muito boa, taninos ainda melhores e a completarem a identidade deste vinho, final longo.