Branco de Ventozelo 2015, um branco duriense que resolve boa parte dos problemas que tenho encontrado na procura por um grande branco naquelas três sub-regiões.

Lembro-me de uma prova daqueles que são tidos como alguns dos grandes brancos do Douro, exemplares engarrafados de vinhos falados e bem falados mesmo quando ainda não foram provados. Os mais caros, tinham cheiro a alho e a cebola estragados, “detalhes” incomodativos em vinhos de 50€ e 60€, digo eu. Nesse dia e da forma como vejo isto, o branco mais barato por acaso até foi a estrela da prova, parece que custa muito a muita gente dizer isto mas na realidade não devia custar, é tão fácil, o vinho de 8€ estava limpo e teve uma evolução fantástica que nem o enólogo estava à espera, como o próprio confessou, e os mais caros, aqueles que fazem os olhos das pessoas brilharem mesmo antes de os provarem, tinham problemas.

Essa é alguma da “magia” disto tudo, ser caro não significa ser melhor, e às vezes a prova disso está a frente dos olhos, do nariz e da boca da quem prova, mas mesmo assim não o vêm, ou não querem ver.

Bem, quis falar dessa outra prova desses outros brancos durienses para justificar o facto de ver neste branco da Quinta de Ventozelo um vinho capaz de nos tirar dessas ondas de loucura que muitos vinhos portugueses agora surfam, este branco faz-nos descer à terra e faz-nos falar daquilo que é real e normal, faz-nos falar de um vinho muito bem feito, com PVP aproximado aos 14€, um vinho absolutamente limpo e completo naquilo que nos mostra, e é de 2015, não parece, mas é… Ou seja, pode estar aqui uma excelente aposta para o guardarmos mais um tempo na nossa garrafeira.

Aroma ímpar e muito cativante, sem fruta, leva-nos para outros sítios. Corpo com todos os atributos que devem existir nos vinhos muito bons, e todos ligados, todos muito bem ligados. Talvez o tempo tenha ajudado este branco a chegar aqui nesta forma, resta saber até onde é que o tempo o vai ajudar ainda mais, é impossível não sentir um pouco de curiosidade quanto a isso.

E por 14€? De certa forma, é impressionante.

Aroma ímpar, sem fruta, totalmente herbáceo e floral, malmequer, flor de esteva, erva doce, cera de abelha, geleia real, conjunto com intensidade média/alta e limpeza máxima, tudo ainda jovem. Corpo também a precisar de acerto na temperatura, os 14°C – 15°C são para mim a temperatura onde ele melhor se expressa, textura macia, estrutura cheia, tudo ligado, ponderado, sereno, firme, densidade boa de sentir e a aparecer com a subida de temperatura, centro de boca alto, acidez muito bem integrada de tal forma que o resto não a deixa sozinha, tons de geleia real em boca também, expressividade boa e muito acerto. Acidez boa mas a não ficar sozinha, bem integrada, culpa da forma como tudo o resto se expressa também, final longo.