Depois de cumprirem o requisito primeiro que significa estarem bem feitos, sem erros, sem quebras e sem limitações, os vinhos têm também de conseguir mexer connosco, têm de ter detalhes capazes de espicaçar alguns dos nossos sentidos.

Muitas vezes encontramos vinhos com atributos que estimulam qualquer coisa em nós, mesmo tendo no conjunto um ou outro deslize. Outras vezes encontramos vinhos muito bem afinados, alguns de conjunto exímio, com erro zero, seduzem pela afinação mas não têm a capacidade de nos despertar outras sensações.

A verdade é que no fim, a competência de desenho deverá valer sempre mais que um traço de personalidade incomum, esse traço, esse detalhe, a existir, será uma ajuda à elevação de tudo o resto.

O ideal seria ter no copo um vinho de conjunto exímio envolvido por detalhes que “inflamem” a prova. Este Viosinho entra nessa zona que combina mérito de desenho, e detalhes que entusiasmam.

É um branco com aroma intenso e desafiante, mas é à custa do corpo que ele mete a prova noutro patamar. Na temperatura certa, que para mim foram os 15ºC, este branco tem atitude, tem ímpeto, tem nervo sem magoar, no conjunto ele não falha e tem um atrevimento bem vindo que coloca a prova num patamar superior.

A temperatura ajustada para cima ajuda a trazer nervo e personalidade ao vinho, ajuda à ligação do conjunto, é aí que ele faz mais sentido, 15ºC pode ser demasiado para alguns, mas eu recomendo-os, uma temperatura baixa neste vinho também lhe baixa esse ímpeto, o qual é a sua marca.

Numa temperatura mais baixa ele deixa de ser o que deve ser. Não lhe peçam elegância, peçam-lhe atitude, ele tem-na.