Este tinto veio directamente da Quinta do Portal para a minha cave. Quis esticá-lo até 2020 e ver o que me dizia.

Chegou até aqui com alguns toques evoluídos mas sem qualquer dano, fez uma prova espectacular e mostrou particularidades interessantes, exibiu-se sereno, espesso e aveludado, é um tinto com alguma robustez mas que ainda assim parece pedir para ser provado sozinho, sem mais nada, mas com mais alguém.

Isto apenas quer dizer que este vinho ao ir para a mesa tem de ir com critério, não se pode ser muito ousado nem muito receoso, ele já está cinzelado em todos os detalhes sendo os taninos os únicos com expressividade acima de tudo o resto, no entanto até estes estão sem esquinas. As regras comummente usadas entre vinho e comida muitas vezes não têm piada e apesar de este tinto roubar facilmente muitas das atenções só para ele, precisa ao mesmo tempo de não ser colocado fora de pé, porque se for, não vamos percebê-lo todo.

Este vinho está todo polido, aparece com uma espessura e uma maciez absolutamente capazes de dar uma prova especial e marcar um momento. Nem todos os vinhos com 20 anos conseguem fazer isto e só por isso, valeu a pena tê-lo deixado chegar até aqui, tê-lo ajudado a ficar assim.

Aroma já com evolução, mas sem dano, ainda rico e ainda a dar luta, tens terrosos húmidos, fruta preta compotada, amora, fundo com toques balsâmicos e frutos secos. Corpo absolutamente aveludado, espesso, único no perfil, moderado de ímpeto, amplo q.b. muito por conta de uma acidez que já não se mostra tanto como outros atributos, tem estrutura que assume até uma forma relativamente delgada, absolutamente correcto, não mostra qualquer detalhe a errar ou a exagerar. Muito boa presença dos taninos, incríveis, também aveludados e com uma expressividade única, acidez comedida, final com persistência longa e correctissíma.

Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz