Tanto tempo para provar este espumante… Sou um bocado burrinho! Perdi dias, já o devia ter provado há muito.

É daqueles vinhos especiais que não aparecem muito… E não aparecem por isso mesmo, porque são especiais e os especiais são sempre mais escassos. Então em espumantes, esse patamar de especial é praticamente uma raridade.

Insistindo ainda noutra teimosia minha, sempre me vi a dizer que não conheci espumantes de Alvarinho capazes de me fazer colocar um ou outro no meu canto dedicado aos especiais. Este espumante calou-me. E calou-me com classe. Finalmente!

Este último ponto é apenas válido para tudo o que eu provei até hoje, como é óbvio.

Ficava preso ao aroma deste espumante a noite toda, sem problema. Tem performance aromática como há muito não via neste tipo de vinhos. Tem no corpo o comportamento dos grandes, ficando apenas com um atributo aquém de tudo o resto, a persistência final dele deixa a prova terminar mais rápido do que gostaríamos.

Mas no fim, somando tudo, é o melhor espumante de Alvarinho que provei até hoje.

Aroma rico e com intensidade média/alta, tons ligeiramente cítricos e amargos de toranja ainda “verde”, maçã verde, fundo com nuances herbáceas, mentol e toques de biscoito. Corpo seco com mouse muito elegante e leve, boa energia a dar uma prova mexida à boleia de uma bolha fina mas bastante presente, boa estrutura em boca faltando apenas mais durabilidade de corpo. É um espumante que nos mostra muito, um vinho com corpo firme e cheio, que beneficia de uma acidez em bom nível. Acidez muito boa, final médio.

Ficou outra garrafa para um outro dia, lá mais para a frente, bem mais. Não me habituei ainda ao processo de esquecer espumantes cinco ou seis anos, comecei apenas agora, mas este vai ser um deles, porque tem mais do que o suficiente para sair em grande daqui a meia dúzia de anos.

Saúde,
Dr. Ribeiro