Provei pela primeira vez este tinto há muitos anos. Honestamente na altura devia ter estado quieto e tê-lo guardado para mais tarde… Mas eu estava a começar a gostar de vinhos, mesmo não estando preparado para os entender. Sorte a minha que o pude voltar a provar agora, alguns anos depois.

Não me incomoda nada sentir que há alguns anos atrás não estava preparado para ele. Se em cinco ou seis anos sinto que mudei, posso olhar para os próximos cinco ou seis com algum ânimo. Por vezes o percurso do passado permite projectar parte do que que o futuro poderá trazer.

Vi agora que este vinho passa a fronteira do muito bom, estica-se mais para cima. A conclusão imediata que dele tiramos é que, de certa forma, se em 2006 a mão que o fez já originava coisas destas, imaginem como estão os “Vadios” mais recentes.

O aroma aparece relativamente evoluído, deixa a ideia de uma prova a ser feita no limbo, não sabemos o que virá a seguir na performance de corpo, se esta irá pender para uma prova também pautada por alguma evolução ou se, o corpo consegue contrariar o impacto aromático e faz uma prova capaz de surpreender.

A resposta chega rápido, é um tinto que mostra toques de ousadia por cima da textura macia e estrutura completa, ou seja, o corpo dissipou claramente as dúvidas surgidas na apresentação aromática e deu a este vinho uma imagem final de prova especial.

Aroma com toques balsâmicos a mostrarem-se logo de início, fruta vermelha madura, flores silvestres, algum cedro. Corpo com estrutura praticamente completa, largo, porte médio/alto, textura cremosa, denso q.b. mas sem peso excessivo, agradável nervo de fundo a dar personalidade ao vinho, a dar-lhe o toque extra e a gerar um desenho com combina alguma leveza de estrutura com nervo e tensão de fundo. Acidez muito boa, taninos com presença também muito expressiva, ásperos, final longo.

Castas: Baga